Bagagem





Acordei mais cedo e parei pra pensar em mim, o que sou e o que me faz ser. Me encontrei, me enfrentei, me rendi. Confessei minhas estratégias, entreguei minhas armas e todos os mistérios dos meus companheiros de luta e suas causas.
Denunciei alguns e protegi outros, posso pagar por isso, mas foi a escolha que fiz. O medo. a insegurança, o orgulho, os desentendimentos, as mágoas e farpas por exemplo, deixei fugir. Tive penas deles.
Revistei minuciosamente todos os compartimentos do meu eu e entre mil sujeitos vergonhosos e sem valor, entre tantas derrotas, tombos e tropeços, encontrei também vitórias incontestáveis e junto de algumas cicatrizes, vi medalhas esquecidas, troféus empoeirados e não quis abrir mão de alguns bons companheiros dos quais me orgulho. Como minha determinação, minha busca insistente, minha força tímida, minha fé, minhas verdades, tolerância e meus perdões. Meus feitos nem sempre louváveis mas com o propósito de abrir espaço pra felicidade.
Confesso que até o fim me vi tomada por desejos insolúveis, carregando excessos inseparáveis do meu ser. Mesmo consciente de tudo que deveria aperfeiçoar em mim, como se não bastassem todos os puxões de orelha e lições que a vida já me deu, reconheci que continuo com a mania urgente de me ultrapassar. De não conter sentidos, sentimentos, risos, choros, gritos, lamentos...de não me conter.É essa mania de sonhar, de criar e me refugiar nesse mundinho meu, ás vezes cheio de cor, luz e folhas pelo ar. Ás vezes meia luz, nublado, cheio de nuvens carregadas e anúncios de tempestades. Mas ainda que a cena pareça assustadora, não pode ser tão ruim.
Reconheci que em qualquer clima ou estação, é a inspiração que toma conta de mim. Que me faz calar e falar. Que me faz ver os dias possíveis, apesar dos muros e das armadilhas, que me faz dormir mais tarde e pular da cama mais cedo.
Inspiração para viver, tentar, ousar, ser, ser mais, ser melhor. E quando eu cismo de acordar assim, não tem jeito não, pode chover o quanto for no mundo real, que eu faço de cada gotinha alimento pra minha alma e sonho mais.
E eis que sem mais nada nas mãos, á procura de equilíbrio, fiz meu último pedido: não condene minha essência.
Me tire o folego, me tire a calma, me tire a paciência. a decência, a razão, mas me deixe a inspiração, pelo amor de Deus, me deixe a criatividade e a inspiração !
O pedido foi tão fervoroso, tão digno de avaliação e reflexão, que alguém me ouviu. Eu me ouvi. Fiquei imune da sentença. Me libertei. Reúno todos os pesos e medidas e me liberto.
Entendo que posso perder tanto pelo silêncio como pelo grito e que por mais contraditório que isso seja a chave é saber ser, rever-se, reverter-se e não desistir. Então selei o encontro com uma prece para de novo me munir e enfrentar o desafio que é a vida:
" Que eu seja capaz de reconhecer e reciclar meu erros e virtudes. Que eu seja capaz de desassistir as inseguranças e obstáculos e recomeçar com  paixão e ousadia na alma, amor e coragem na bagagem a cada e toda vez que meu coração gritar que não tem medo."

Yohana Sanfer 









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