A vida me ensinou a ter medo das verrugas...


 " Eu não gosto de silêncios demorados e nem de promessas. Nasci assim, com seriedade para as coisas que mexem com sentimentos.O silêncio deve durar o tempo necessário para conter as impetuosidades, depois tem que haver diálogo. Toda situação indefinida me desequilibra. A  minha leveza está nesse fio tênue que me separa dos que são precipitados demais, dos que adiam demais, ou dos inconsequentes, dos que, para " sair bem na fita ", fazem propaganda enganosa de si mesmo. A vida não deve ser levada muito a sério, dizem...concordo em parte.

Não sei viver na corda bamba, sou da terra, gosto de sentir os pés firmes. Comodista, talvez...a idade pede suas benesses, fazer o quê? Voo, sim, e até esqueço de aterrisar, mas não o faria se não houvesse a possibilidade de voltar ao chão. Posso correr o risco de me espatifar, sem problema, mas quero a possibilidade do chão sob os meus pezinhos. Ultrapassei a faze ( se a tive ) de me jogar no escuro. Aventura tem hora...brincadeira também...e não devem mexer com os " ais " dos outros. Brincar com responsabilidade, porque riso é coisa séria. Pode descontrair ou constranger, e nunca sabemos como o outro está para receber o que mandamos.
Não me pesa ser assim, ao contrário: torna-me pesada a espera pelo que não vem, a sensação de que perco tempo ou machuco alguém, a falta de bom senso de quem só espera ser compreendido e acha sempre que está certo. Não sei lidar com inconsequência, com desorganização ( nem das coisas nem do pensamento ). Se perco o eixo, paro tudo...evito rodopiar em cima de quem não tem nada a ver com os meus giros...cada um já tem que cuidar dos seus. Acho que já nasci " velha ", cansada de excessos. Quando menina, meus desafios não eram subir em árvores ou escalar muros, era procurar a lua e contar estrelas no céu, sem medo de criar verruga. Era contemplativa e sabia a hora de agir, deixar a inércia. Vivia vazios repletos...repletos de pensamentos e reflexões sobre a dor e a delicia de existir. Eu sabia que era diferente das minhas primas e tive certeza quando, um dia, o meu avô me disse isso ao me ver isolada das outras.
Não sei ser peso pra ninguém. A armadura de vitima também não me cabe. Para manter o meu bom humor, preciso evitar quem mexe na minha ordem, quem ultrapasse os meus limites. Aceito as pessoas como são, jamais ousaria mudar a natureza de quem quer que seja, mas não me permito também mudar a minha qualquer hora ou por qualquer motivo. Negociações e acordos funcionam no sistema de trocas sem violência á essência...é saudável ceder, acatar sugestões, quando a vontade e a disposição são mútuas. Em caso contrário, não rola. Não me submeto mais ao que me faz infeliz...Sou ainda aquela menina que contava estrelas...só que a vida me ensinou a ter medo das verrugas ! ".

Aila Sampaio




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